terça-feira, 9 de maio de 2017

Uma reflexão sobre Educação com Espiritualidade Aplicada

Há 4 anos atrás, no dia 8 de maio, iniciamos esse movimento. E como forma de celebrar, além de convidar você a assistir o breve vídeo da nossa história e visão, proponho uma rápida e despretenciosa reflexão acerca de uma visão de Espiritualidade através de duas também rápidas histórias: uma real, ocorrida nas terras paulistas da cidade de Franca, e uma outra, uma suposta lenda de uma terra distante do Extremo Oriente....

A primeira história é, na verdade, uma homenagem à dona Aparecida Novelino, professora e esposa do médico, empresário e educador Tomás Novelino.

 Nascida em 8 de maio de 1914, Maria Aparecida Rebêlo Novelino (dona Aparecida) fundou e manteve, com seu esposo, o Educandário Pestalozzi na cidade de Franca, SP. Numa estrutura que chegou a três escolas-creches, acolheu, gratuitamente, cerca de 2.500 crianças por ano, no auge de seu funcionamento, desde a fundação em 1944 até 1996, quando encerrou as atividades por força de crise econômica na indústria de calçados homônima que sustentava as atividades educacionais e assistenciais.
Caso você queira saber um pouco mais sobre a história de dona Aparecida, veja o comunicado da USE (União das Sociedades Espíritas) de Franca desse link, emitido por ocasião do centenário do seu nascimento.
E se quiser saber um pouquinho mais da contribuição dela e do Dr. Tomás Novelino para a formação de uma Pedagogia com Espiritualidade, veja nesse link o trecho correspondente da tese da Dra. Dora Incontri.


A outra história, uma lenda do Extremo Oriente, contada no livro "O homem que calculava", do escritor Malba Tahan, pseudônimo do professor carioca Júlio Cesar de Melo e Souza (também nascido em dia próximo a esse agora celebrado, 6 de maio de 1895...), sobre o verdadeiro sábioo material e o espiritual.

Um poderoso rei, que dominava a Pérsia e as vastas planícies do Irã, ouviu certo dervixe  dizer  que  o verdadeiro sábio devia conhecer, com absoluta perfeição, a parte espiritual e a parte material da vida. Chamava-se Astor esse monarca, que era apelidado “O Sereno”. Que fez Astor, o rei? Vale a pena recordar a forma pela qual procedeu o poderoso monarca.

Mandou  chamar  os  três  maiores  sábios  da  Pérsia,  entregou  a  cada  um deles 2 dinares de prata e disse-lhes:
- Há neste palácio três salas iguais, completamente vazias. Ficará, cada um de vós, encarregado de encher uma das salas, não podendo, entretanto, despender nessa tarefa quantia superior à que acabo de confiar a cada um.
O problema era realmente difícil. Cada sábio devia encher uma sala vazia, gastando apenas a insignificante quantia de 2 dinares. Partiram  os  sábios  a  fim  de  cumprir  a  missão  de  que  haviam sido encarregados pelo caprichoso rei Astor.
Horas  depois,  regressaram  à  sala  do  trono.  O  monarca,  interessado  pela solução do enigma, interrogou-os.
O primeiro, ao ser interrogado, assim falou:

- Senhor! Gastei 2 dinares, mas a sala que me coube ficou completamente cheia. A minha solução foi muito prática. Comprei vários sacos de feno e com eles enchi o aposento do chão até o teto.
- Muito bem! - exclamou o rei Astor, o Sereno. - A vossa solução, simples e  rápida,  foi  realmente muito  bem  imaginada.  Conheceis,  a  meu  ver,  a  “parte material da vida”, e sob esse aspecto haveis de encarar todos os problemas que o homem deve enfrentar na face da terra.

A seguir, o segundo sábio, depois de saudar o rei, disse com certa ênfase:
- No desempenho da tarefa que me foi cometida, gastei apenas meio dinar. Quero  explicar  como  procedi  Comprei  uma  vela  e  acendi-a  no  meio  da  sala vazia. Agora ó Rei, podeis observá-la. Está cheia, inteiramente cheia de luz.
-  Bravos!  -  concordou  o  monarca.  -  Descobriste  uma  solução  brilhante para o caso! A luz simboliza a parte espiritual da vida. O vosso espírito acha-se, pelo  que  me  é  dado  concluir,  propenso  a  encarar  todos  os  problemas  da existência do ponto de vista espiritual.

Chegou, afinal, ao terceiro sábio, a vez de falar. Eis como foi resolvida por ele a singular questão:
- Pensei, a princípio, ó Rei dos Quatro Cantos do Mundo, em deixar a sala entregue  aos  meus  cuidados  exatamente  como  se  achava.  Era  fácil  ver  que  a aludida  sala, embora  fechada,  não  se  encontrava  vazia.  Apresentava-se  (é evidente) cheia de ar e de trevas. Não quis, porém, ficar na cômoda indolência enquanto  os  meus  dois  colegas  agiam  com  tanta inteligência  e  habilidade.
Resolvi  agir  também.  Tomei,  pois,  de  um  punhado  de  feno  da  primeira  sala, queimei  esse  feno na  vela  que  se  achava  na  outra,  e  com  a  fumaça  que  se desprendia  enchi  inteiramente  a terceira  sala.  Será  inútil  acrescentar  que  não gastei a menor parcela da quantia que me foi entregue. Como podeis verificar, a sala que me coube está cheia de fumaça.
-  Admirável!  -  exclamou  o  rei  Astor.  -  Sois  o  maior  sábio  da  Pérsia  e talvez do mundo. Sabeis unir, com judiciosa habilidade, o material ao espiritual para atingir a perfeição.

-0-0-0-0-0-

Ai está, amigo(a) leitor(a), com essa singela homenagem à dona Aparecida e esta lenda, fica a proposta de reflexão sobre o que poderia ser uma Educação com Espiritualidade Aplicada em sua vida...